O fogo fraco ao canto da cabana projecta as seis sombras esguias da família de cócoras em roda no chão. Ao centro, a mãe deposita uma tigela grande cheia e os olhos de Abasi brilham. Espera a sua vez, antecipando o prazer da refeição no semblante já satisfeito dos irmãos mais velhos. Retira com os dedos uma porção generosa de pasta de farinha e feijão, usa o lábio inferior para a aparar da mão e então mastiga feliz à boca cheia. Hoje é dia de festa e, nas manhãs seguintes a dias destes, sabe bem acordar só quando é já dia quente. Em manhãs seguintes assim, os sonhos duram mais e acabam bem.
(Publicado na Veredas sob o pseudónimo Carlos Tijolo.)